Um novo caminho na busca pela "Teoria de Tudo" ?

Desde as primeiras décadas do séc. XX, quando foram lançadas as bases das teorias da Relatividade Geral e da Mecânica Quântica, que ambas têm se mantido de pé em seus relativos domínios, apesar de terem falhado todas as tentativas de unificá-las em uma só teoria.

Esta, a chamada "Teoria de Tudo", deveria explicar tantos os fenômenos observados na escala das distâncias imensas e velocidades próximas a da luz, onde a Relatividade Geral reina soberana, quanto os na escala do imensamente pequeno, onde é a Mecânica Quântica que provê as explicações mais precisas.

Várias tentativas foram feitas, desde então, na busca desta unificação, como a teoria das supercordas, por exemplo. Nenhuma delas, no entanto, logrou engendrar experiências que pudessem confirmar seu enunciado teórico ou mesmo predizer algum fenômeno observável que pudesse servir de comprovação de alguns destes esforços unificadores.

A Relatividade Geral, em particular, provando mais uma vez sua vitalidade, teve recentemente confirmado um fenômeno previsto por Einstein ainda nos anos trinta, com a primeira observação experimental da existência das ondas gravitacionais.

No entanto, os dados hoje disponíveis sobre a composição do universo, seu tempo de existência, a quantidade de energia total que há nele, entre outras coisas, levou os físicos atuais a postularem a existência de um fenômeno ao qual chamaram de "matéria escura", que traz consigo um outro conceito correlato, o de "energia escura".

Isto foi feito para manter a coerência matemática entre os dados observados e as previsões da teoria da Relatividade Geral. Começou então uma busca generalizada por uma comprovação observável destes fenômenos.

Outros físicos, no entanto, tomaram um caminho diferente. Acreditando que esta necessidade de se postular a existência da matéria e da energia escuras revelava, na verdade, uma fragilidade teórica da Relatividade Geral, eles passaram em revista os pressupostos e conceitos básicos da teoria de Einstein.

Assim como o grande físico alemão havia feito com a Mecânica Clássica, alterando a compreensão dos conceitos de tempo e espaço absolutos de Newton, substituindo-os pelo novo conceito de continuum espaço-temporal, esta revisão conceitual que estes físicos atuais estão propondo é a da necessidade de uma nova compreensão do conceito de gravidade contido na Mecânica Relativista. Lembremos que a formulação newtoniana conferia à gravidade um caráter absoluto. Grosso modo, também a teoria de Einstein incorporou uma ideia, ainda que um tanto diferente, da gravidade como um tipo de absoluto.

É em torno da discussão sobre o que é de fato a gravidade, de como ela atua e do porque ela parece não exercer qualquer papel no mundo do imensamente pequeno, que se debate nos dias de hoje no campo da Física. A nova proposta, batizada de teoria da Gravidade Quântica, ao contrário das que a antecederam, parece ser capaz de predizer fenômenos observáveis, tanto no domínio das grandes distâncias e das velocidades próximas à da luz, quanto no domínio do imensamente pequeno, o dos quanta.

Podemos estar assistindo ao começo de uma nova revolução científica que, se confirmada, vai alterar profundamente tudo o que conhecemos hoje sobre o Universo em que vivemos.

Comentários