EMORY DOUGLAS, o revolucionário artista dos BLACK PANTHERS



Desenhos expressivos, como este aí em cima, estão expostos no novo Museu de Arte de Nova York, que dedica generoso espaço para uma revisitação da obra de Emory Douglas, o revolucionário artista dos Panteras Negras, precursor neste planeta (em outros, não sei) da arte política de rua. Este polêmico grupo revolucionário americano, que tinha como bandeira lutar pelos direitos civis da população negra, defendia abertamente a resistência armada contra a opressão aos negros. Fundado em outubro de 1966, o movimento se espalhou pelos Estados Unidos e atingiu seu período de maior popularidade no final da década de 60, quando chegou a ter 2 mil membros e escritórios nas principais cidades do país. Perseguidos implacavelmente pelo FBI, muitos dos seus integrantes morreram em conflitos com a polícia. No início dos anos 80 , The Black Panther Party renuncia às ações violentas e passa a dedicar-se a serviços de assistência social nas comunidades negras pobres. Com o passar do tempo, no entanto, acabou por perder importância dentro do movimento negro e dissolveu-se oficialmente ao final dessa década.


Apesar da dissolução do grupo, um de seus principais líderes e artista gráfico de traço poderoso e pra lá de expressivo, Emory Douglas, imortalizou-se através de sua arte. O estilo visual de seu trabalho, ao longo de quase duas décadas, definiu com perfeição a ideologia dos Panteras Negras. Mais que isso, seus desenhos em cartazes, folhetos e jornais eram um chamado constante à população negra americana para a luta e a resistência. Emory Douglas entendia seu trabalho como uma missão: divulgar informações e transmitir as mensagens do partido. Visualmente, através de imagens fortes e que abusavam dos contrastes, falou energicamente a uma comunidade devastada pela pobreza, a brutalidade policial e as más condições de vida. Vejam aí, parte de sua obra.



Independentemente da opinião que tenhamos à respeito dos Panteras Negras, o legado artístico daquele que melhor captou sua ideologia é inegável e até hoje arrasta muita gente a museus, galerias e leilões de arte. Esse tipo de coisa sempre me impressiona. Que raio de sistema é esse que sempre consegue absorver, mesmo seus mais ferozes opositores, e transformá-los em objeto de consumo para deleite de sua burguesia e da arte pela arte? =/

Fonte: http://cyanatrendland.com



Comentários

  1. Maravilhosa postagem, Ernani. Pelo texto, nclusive.
    Os cartazes são sensacionais.

    Beijo

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  2. Nossa, excelente! E o desconcerto da sua última frase também é nosso. Aconteceu com o rock, com o movimento hippie, com o punk, com Che. Tudo é glamurizável e vendável.

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  3. Ótima postagem do O que desenha.
    Uma manifestação artística louvável por sua reivindicação social.
    Todos sabemos que mesmo com toda globalização o preconceito ainda é forte no mundo, e mesmo no Brasil, onde a mistura de raças é dominante.
    Quanto ao final da postagem onde a ênfase recai sobre fazermos da arte um comércio, restrito às camadas sociais mais abastadas, onde sempre se deixa de lado o "povão" que muitas vezes tem fome de cultura.
    Arte para todos, música de boa qualidade para todos, etc...............
    Bryanna

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  4. Bryanna,
    Obrigado e mais uma vez concordo contigo em outro comentário seu. Vai acabar virando admiração. rs.

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