O termo "guerra fria" serviu para definir, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, um conflito ocorrido somente no campo ideológico, entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos da América. Em pauta, estava o domínio político, econômico e militar do mundo. O grande arsenal bélico e, em especial, as ogivas nucleares de longo alcance que possuiam à época esses dois países, davam a este conflito contornos de "final dos tempos". O grande equilíbrio de forças, no entanto, acabou por transformar este cenário apocalítico em uma "duradoura paz armada".
Dois grandes blocos ideológicos, são frutos dessa época: a OTAN e o PACTO DE VARSÓVIA. A pulverização da URSS, a queda do muro de Berlim e as profundas reformulações políticas e econômicas observadas nos países socialistas, aliadas a diversos acordos com os EUA, enterraram definitivamente esta época sinistra.
A seguir, alguns cartazes que faziam parte do arsenal de propaganda ideológica produzidos nesta época pelos dois lados. Alguns são diretos em suas mensagens, outros são mais sutis e referem-se a algum episódio específico dentro desta guerra. Seja como for, nossa civilização mais uma vez sobreviveu para contar essa história.
Este cartaz (Superman), de 1968, é de autoria de Roman Cieslewicz. Foi publicado inicialmente na capa do livro "Posters of de cold war" de David Crowley. Na visão do artista, ambos os lados, EUA e URSS, são poderosos e destrutivos. A imagem do Superman é rebatida, como num espelho, mostrando, em última análise, que um dos lados em conflito é reflexo do outro. Simples e genial...
Este cartaz (Jo-Jo, la colombe) de autor desconhecido e assinado pelo grupo anti-comunista francês "Paix et Liberté" é de 1951. Nele, todo o lado cínico e ardiloso da politica de Stalin é retratado. Reparem na expressão de seu rosto e na dualidade de intenções. Em uma das mãos carrega um cartaz de paz e na outra uma arma. Pureza aí só encontramos na coitada da pomba branca, presa por uma coleira e colocada aí de forma intencional.
De nome "Lênin", este cartaz de autoria de V. Briskin é de 1970. Destinado ao público externo, fora da URSS (note-se a ausência de caracteres russos), este cartaz tinha por objetivo conquistar a simpatia de europeus e americanos, numa época em que a popularidade dos EUA, metido até os dentes na guerra do Vietnã, estava em baixa. A utilização do nome de Lênin e não de Stalin, por exemplo, não é mero acaso. O líder máximo da revolução russa, morto ainda nos primórdios da construção da URSS, conservava ainda, àquela época, uma aura de respeito no mundo todo. Porquê? sinceramente não sei.
"To Fly Higher Than All" é o nome deste cartaz de autoria e D. Pjatkin, produzido em 1954. Publicado um ano após a morte de Stalin, tem por objetivo passar a imagem que a indústria bélica soviética estava firme e forte e não paralisada por sua "perda", digamos assim. De fato, são desta época os famosos MIG 9 e YAK 15. Na legenda, está escrito: "Para voar mais longe que todos, mais alto que todos e mais rápido que todos". ok...
Jogos Olímpicos e demais eventos esportivos sempre foram usados, em todas as épocas e por diversos governos, como forma de afirmação de força e poder. Não seria durante a guerra fria que se iria abrir uma excessão. Este cartaz de nome "A Mighty Sports Power", de 1962, do artista russo B. Reshetnikov, reforça este fato. Nas Olimpíadas de 1956 e 1960 a URSS saiu-se vitoriosa nesta briga particular. No cartaz vemos um atleta soviético estilizado em forma de tocha olímpica. Ao fundo, montões de medalhas de ouro...viva ele!
O cartaz "Stop Communism" é de ano e autor desconhecido. Só não é desconhecido seu objetivo. Nesta época, qualquer movimento nacionalista ou democrático que ocorresse em qualquer parte do mundo era obra de comunista. As vezes era mesmo, mas a paranóia era tanto que se via aliança da URSS até com grupos nacionalistas filipinos, como mostra o desenho aí...
Deixamos por último, este cartaz que estampa a cara de Lênin. Qualquer coincidência é mera semelhança. De nome "People and the Party are undivided ", este desenho de autoria conjunta entre M.V. Luk'Janov e V. S. Karakashev foi publicado em 1978. Este trabalho republica a famosa frase capa do jornal "Pravda" de 08 de março de 1953, três dias, portanto, após a morte de Stalin e aonde se lê: " As pessoas e o partido são indivisíveis". Esta frase, diga-se de passagem, não se aplica a política de estado repressiva de Stalin que literalmente "dividiu" centenas de milhares de opositores, muitos deles, antigos camaradas de partido...
Fonte: http://www.designer-daily.com/10-amazing-cold-war-propaganda-posters-2901
Livre tradução e adaptação de texto para esse blog: O que desenha
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O Pacto de Varsóvia deixou de existir em 1991. Grande parte dos seus integrantes hoje está na OTAN ou tentando entrar nela. Aliás, pensando bem, se o pacto de Varsóvia acabou, para que a OTAN permanece existindo nos dias de hoje? Pergunte ao Putin, ele sabe muito bem...
ResponderExcluirBastante interessante esse post, gostei da abordagem e das explicações.
ResponderExcluirAlém disso, "Qualquer coincidência é mera semelhança" foi ótimo! Adorei xD