O vídeo levou minha mulher às lágrimas, de puro desespero. Revolta contra a violência, revolta com a exibição do vídeo brutal num horário em que inúmeras crianças assistem ao programa. Revolta contra a impotência que a gente sente quando presencia um ato de tamanha covardia sem poder interferir.
Os relativistas de plantão dirão que "é a cultura deles", que "não é melhor nem pior que a nossa, apenas diferente", que há que respeitar "a autodeterminação dos povos" na condução de seus "assuntos internos". Assim os negócios internacionais podem continuar como sempre, bastando lançar mão do argumento da "diversidade cultural" para desqualificar as críticas à lei do Paquistão e de outros países dominados pela intolerância religiosa.
Não pensem que estou falando apenas de países islâmicos. Nem todo Islã age deste modo, nem a covardia estatal ou o fundamentalismo religioso são exclusividades muçulmanas. A raiz deste procedimento nem é, na minha opinião, cultural - ela pode ser encontrada nas mais variadas culturas. A questão é, essencialmente, política: o poder, sua conquista e manutenção, suas estruturas e a reprodução destas, nas diferentes relações sociais historicamente existentes. Assim, aqueles que se posicionam contra as manifestações de poder de caráter arbitrário e despótico, independente das diferenças culturais que os separem, têm uma possibilidade de ação comum contra atos como este, que ofendem o próprio conceito de humanidade.
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