Apresentação do livro "Visões do Golpe"


Vejam no site da editora:

http://www.ediouro.com.br/templates/ediourolivros/catalogo/catalogo.asp?codigo=13338&AreaSite=4

Curiosidades do texto de apresentação:


"Visões do Golpe - A Memória Militar de 1964 volta em uma nova edição, agora pela Ediouro e consagrado pelo jornalista Elio Gaspari - que reconhece nesta obra o documento mais importante sobre os militares e a conjura de 1964".


"Seu mérito é o de trazer, pela primeira vez, a voz dos quartéis através de 12 entrevistas com oficiais que articularam o golpe, e que depois participaram do regime até o seu ocaso, sempre ocupando cargos de destaque nos governos que se sucederam até 1985."


"o conjunto destes depoimentos inéditos veio contrariar grande parte das análises que tendiam a ver o golpe como resultado de um longo e articulado movimento reunindo interesses militares, empresariais e internacionais."

Pois é, Alípio: o Elio Gaspari, ele mesmo, recomenda o livro. E a própria editora afirma a contrariedade dos tais depoimentos "sinceros" com a visão da tal grande articulação (inteligência?) por trás do movimento...

Pra chegar a uma conclusão definitiva, só lendo o livro. Me empresta?

Comentários

  1. Claro que empresto, Patah.
    Mas o que me intriga é a interpretaçao que você deu ao meu texto. Eu nunca disse que a ditadura era fruto de um conciliábulo muito bem articulado por gênios estratégicos.
    O que eu disse foi que a ditadura tomou decisões inteligentíssimas quando se dedicou a montar uma capa democrática com dois partidos
    - adversários para consumo, mas iguaizinhos na pratica e na ideologia (admito).
    E também disse que foi inteligente em montar uma espécie de porta-voz oficial através de uma emissora impecável na qualidade de seus programas e no trabalho de despolitização das massas.
    Ou será que eu não disse isso? Será que a porra d minha velhice chegando está me fazendo tão obscuro assim?

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  2. A diferença, Alípio, me parece ser que onde você enxerga inteligência e intenção política, eu vejo conveniência e acomodação de interesses.
    A ausência de lideranças "revolucionárias" indisputadas, tanto na arena civil quanto no exército, e a vasta adesão à "Revolução" fez com que os interesses que apoiaram os golpistas fossem muito amplos e contraditórios, o que exigiu um espaço político para o tratamento das disputas intra-golpe, pelo menos até que o regime se consolidasse ao ponto de poder dispensar este espaço(AI-5).
    A borduna desceu mesmo "di-cum-força" nos sindicatos, nos líderes mais conhecidos da esquerda, nos camponeses e na sargentada, que efetivamente representavam um incômodo político.
    Eu acho que vc superestima a tal "capa democrática com dois partidos" (se a extinção dos partidos então existentes, muito mais enraízados, não causou nenhuma comoção, por que acreditar que a criação de dois partidos de proveta teria este condão todo?). E também acho que o papel da Globo não foi fundamentalmente diferente dos demais órgãos de imprensa que sobreviveram. Os que não ficaram do lado dos "homi", ou cuja adesão não pareceu suficientemente "sincera", morreram, abrupta ou lentamente. O que explica a hegemonia (nada a ver com monopólio) global foi não só a maior capacidade de exercer sua função de apologista do regime do que os concorrentes, mas também a de conquistar o público com seus programas.

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