Burrices do PCB




O decano da esquerda brasileira, o antigo PCB, tem um histórico imbatível em termos de equívocos (O que provoca diria, menos sisudamente, burrices mesmo).

As principais, de longe, são a tentativa fracassada de insurreição em 1935 e a avaliação completamente delirante da correlação de forças no pré-golpe de 1964.  Em termos de importância histórica, fazem o episódio do congresso de Ibiúna (satirizado no filme Bananas, do Woody Allen) parecer bobagem de criança...

A figura central de ambos os momentos foi a mesma: Prestes.

Em 35, o que chama mais a minha atenção foi o fato de que a Internacional tenha não só concordado com a tática insurrecional, já então totalmente em desacordo com a linha na época, recém alterada, de frente popular contra o nazismo (olha o Dimitrov aí, gente!), como tenha mandado agentes para dirigir a revolta e estes, ao chegarem, não tenham percebido a tremenda roubada e abortado o plano.  A qualidade destes agentes talvez revele a pouca importância que Stálin dava a esta região do planeta...

O que provoca, O que desenha, lembram de 78, quando a então "nossa" Convergência (atual PSTU) chamou um congresso para a fundação de um Partido Socialista?  Rachando com a articulação do que viria a ser o PT, no ano seguinte?  Pois foi só o chefão (olha o Nahuel Moreno aí, gente!) chegar para o congresso, perceber a cagada, enquadrar a direção da seção brasileira e fazer a negada voltar para o PT.  E ainda teve tempo de ir em cana por aqui, com toda a cúpula junto...  A "nossa" direção nacional não só era delirante como incompetente e inteiramente relapsa com relação à segurança.  Aliás, características que parecem ainda hoje as mesmas...

Em 64, Prestes declarou em encontro internacional que os comunistas brasileiros estavam em condições de "cortar a cabeça da reação", se esta se manifestasse...  Poucos meses depois, o líder comunista mais conhecido no Recife, Gregório Bezerra,  estava sendo arrastado por um jipe do exército pelas ruas da cidade.

O que há em comum nos dois casos, na minha modesta e sisuda opinião, é uma superavaliação, por parte de Prestes e do PCB, da influência comunista nos quadros do exército, agravada por uma visão estreitamente superestrutural da luta política no Brasil.  Prestes acreditava poder mobilizar o Exército em seu favor e achava que só isso seria o suficiente para garantir a vitória.  É verdade que os prestistas que O que provoca conheceu (muito melhor do que eu) ficariam horrorizados com o que eu escrevi acima.  "Um absurdo", "uma simplificação grotesca", diriam.  Mas no fundo, no fundo, eu acho que foi mais ou menos por aí.

Comentários

  1. Boa colocada, Patah.
    Sobre minha experiência com os prestistas, estou preparando uma postagem em que o contexto, enfim, atendendo à sua cutucada, será a figura de Leonel Brizola - um cara que gostei muito de ter conhecido pessoalmente mas odiei ter ajudado.

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