Simone de Beauvoir foi a maior escritora de todos os tempos. Há, é claro, os que não concordam com isso; mas estão todos errados. Ela teria, facilmente, no currículo, um Nobel de literatura não fosse o insulto que seu companheiro de toda a vida tivesse feito à Academia sueca. Sartre recusou o premio em 1964. Alegou que um escritor não pode se transformar numa instituição, sabe-se lá o que ele quis dizer com isso. Os sisudos de Estocolmo ficaram com medo de que Beauvoir aprontasse a mesma babaquice. E ela deu sinais claros de que aprontaria, sim.
SB tem uma obra densa, de uma escrita elegante e perfeitamente compreensível para qualquer leigo. Transformou toda a história de sua vida num enorme e espetacular romance.
São mais de vinte livros e todos ótimos - com exceção de “La Femme Rompue (a mulher desiludida), uma merda que ela mesmo reconheceu como cochilo.
Algumas porcas chauvinistas chegaram a dizer que os textos de Sartre foram, de fato, escritos por Beauvoir. Pura bobagem. De fato, ela revisava os rascunhos. Mas Sartre tinha peso específico e muita luz própria. Simone era a mulher ideal para ele.
Conheceram-se ainda estudantes, na Sorbonne. Houve um fascínio intelectual à primeira vista. Beauvoir tinha formação burguesa e católica. Deixou, porém, de acreditar em Deus aos quinze anos. Em “Memórias de uma moça bem comportada” explica os motivos. Se é que existem motivos para deixar de acreditar numa coisa que não existe.
A relação de SB com Sartre tinha o componente poderoso da mútua admiração. Trocavam longuíssimas conversas e intensa correspondência. De cara, porem, fizeram um pacto. Nada de fidelidade, nada de filhos, nada de dividir o espaço. Nunca moraram juntos. Mas nunca se deixaram. Simone só gozou por volta dos 40 anos - e com o escritor norte-americano Nelson Algren. Algren se apaixonou completamente, quis casar e ela disse não. Ele ficou uma arara quando Beauvoir expôs detalhes da relação no livro “Os Mandarins”. Chegou a escrever um artigo grosseiro dizendo que SB era fria. Não era. Gozou de novo, em 1952, com o cineasta Claude Lanzmann - um brilhante cineasta garotão de 27 anos.
Aliás, do ponto de vista do orgasmo, ela e Sartre bem que tentaram, enxertando uma terceira pessoa no quarto. Sartre gostava de garotas e algumas alunas de Simone vieram bem a calhar. Alguns jovens filósofos existencialistas também compuseram o triângulo. O fato, porém, é que o amor entre Sartre e Beauvoir era um amor completamente deserotizado. Havia afinidades outras demais entre eles. A cama não se encaixava no tempo restante.
Os dois pertenceram ao Partido Comunista Francês. Nunca se enquadraram no padrão da militância clássica. Nenhum intelectual que se preze é encaixável no esquema obtuso do bolchevismo. Disciplina partidária é coisa completamente impensável para qualquer mente que se pretenda produtiva. Sartre e Beauvoir, porém, demoraram muito para perceber os horrores do stalinismo. Só romperam com Moscou em 1968, após a invasão da Tchecoslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia. Viraram, depois disso, militantes livre-atiradores.
Simone de Beauvoir foi, do ponto de vista simbólico, a maior responsável pela descriminalização do aborto em terras européias. No auge da luta, escreveu e assinou um manifesto declarando já ter feito pelo menos um aborto ilegal. Tremenda mentira. Ela nunca fez aborto algum. Mas o gesto animou outras 348 famosas damas a subscreverem o abaixo-assinado. O Vaticano ficou possesso e excomungou Beauvoir. E ela cagou uma abóbora para o Papa.
SB morreu seis anos depois de Sartre. Viveu o último período da vida entre constantes depressões. Sartre era o homem que ativava sua melhor metade. Na última obra, “Cerimônia do Adeus” , escreve uma prolongada despedida do amor.
Mesmo assim, entretanto, não esqueceu a libido.
Pediu para ser enterrada com o anel que Nelson Algren tinha lhe dado de presente.
Interessante relação entre SB e Sartre, só não sei se diria que foi amor, talvez uma grande amizade, cumplicidade de idéias.....Intelectuais sim, porém deixando de lado o brilho das emoções intrínsecas à um casal, tanto que no final SB não esquece a libido, o tempero, rsrsrsr
ResponderExcluirBryanna
Sartre e Beauvoir fizeram parte de minha juventude e a de muitos que se encantavam com sua visão de mundo. Formavam o casal símbolo das esperanças libertárias dos tempos modernos. Entendiam que o amor e a paixão deveriam girar em torno de um objeto comum: a verdade. Para Beauvoir, Sartre foi o companheiro que não exigiu que ela renunciasse a si mesma e vice-versa. Lembro-me das muitas noites em claro, lá pelos anos 80, discutindo com a feminista e intelectual namorada de então (=/) os limites da relação e da propriedade do corpo. Como socialistas abominávamos o termo propriedade privada e entendiamos que toda a propriedade, inclusive a do corpo, deveria ser coletiva. Tudo muito bonito e interessante até que a companheira resolvesse colocar em prática essas teorias. Nessa hora, todo meu discurso ruía e o barraco se instalava. Conclusão: perdi a discussão e a namorada. A partir daí, meu coração suburbano decidiu: mulher minha é só minha e pronto! Não se fala mais nisso. Talvez esse discurso funcionasse lá no primeiro mundo, mas não aqui na Tijuca.
ResponderExcluirAh! Bryanna: Lindo Nome e interressante comentário. Concordo contigo. Rolava entre Sartre e Beauvoir grande admiração mútua mas sem erotismo. Tudo bem pela admiração mútua mas sem erotismo não dá...bj.
Em tempo: Ô devorador, quer dizer, provocador, essa SB eu passava. Ok que a mulher deve ter aquele algo que nos cause admiração a ponto de abalar, por vezes e, sutilmente, a nossa auto-confiança. Tipo, minha mulher tem mercado...rs. Mas, tem que ser tb por vezes e, sutilmente ou não, bem mulherzinha (sei que vais entender o que quero dizer), concordas? Essa tal de SB passava longe de ser mulherzinha...
ResponderExcluirAhhhhhhhhhhhhhhhh(Fazendo bico).
ResponderExcluirMudou de Italianas para Francesas?
Como assim? Se não me engano um dos comentários final foi "que venham as italianas" kkkkkkkkkkkkk.
Essa história dos dois,me parece algo assim ficamos "juntos" assim ninguém enche meu saco pra casar e vice versa, não tem cheiro de tesão, de foda gostosa, parece mais comodismo barato. Tudo bem que eram dois genios, mas acomodados.
E nada como um tesão gostoso pra dar vontade de não sair de perto de dividir espaços.
To chata hoje, a feijoada não caiu legal, ou foi a caipiroska de me deixou assim azeda, sei lá.
Ahh, provoquento, a vitamina C não funcionou, vou de Eparema e Xantinon mesmo quem sabe se volto os anões da Branca de Neve , param de cavocar minha cabeça pensando que é a mina deles. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Sartre e SB tinham uma afinidade intelectual impressionante. Não era amor que os unia e sim admiração. Ouvi coisas muito interesantes sobre os dois, de qdo estiveram no Brasil...em Minas Gerais especificamente...
ResponderExcluirTem que ser um pouco mulherzinha...
Vou dormir de novo. bjs
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ResponderExcluirPô,Bryanna (e Ernani), aquilo foi AMOR no sentido mais profundo do termo.
Ok, no sexo deu merda - mas, e daí? Eles arranjaram uma forma de suprir o prazer simplesmente não ligando para onde e com quem o outro fosse buscar. O importante, porém, é que ninguém ou nada jamais ameaçou o relacionamento dos dois.
Achei isso o maior barato. MAS COMIGO, NÃO !!! (gargalhadas)
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Mulherzinha, O que Desenha?
ResponderExcluirBroxei...
Tá, bom, tá bom, afinidade sexual não é tudo num relacionamento...
ResponderExcluirMas sem isso, pra que seguir com o relacionamento? (gargalhadas provocadoras)