Max Planck e a descoberta dos "quanta"


A primeira metade do séc. XX foi a idade heroica da Física.  Em 1900, era crença geral que a "física clássica", basicamente a obra de Newton acrescida das equações de Maxwell, abarcava quase tudo o que havia para se conhecer sobre a natureza, e que o fim dos objetivos dessa ciência estava próximo.  Nos cinco anos seguintes, os físicos descobriram que não sabiam praticamente nada, e que a Física estava, na verdade, apenas começando. O que mudou tudo foi a teoria quântica de Max Planck.  Aos 42 anos de idade, em 1900, Planck estudava a maneira como os corpos brilham quando são aquecidos (nos livros-texto, o problema é apresentado como o da "radiação do corpo negro").  Tomemos uma vareta de aço como exemplo: quando aquecida, ela começa a brilhar com um vermelho escuro e, à medida que se aumenta a temperatura, o brilho vai variando em cor, tornando-se alaranjado, depois amarelo, até chegar ao branco.  Aumentando-se mais ainda a temperatura, frequências de luz cada vez mais altas são acrescidas ao brilho, começando pelo infravermelho e deslocando-se pelo espectro, desde a extremidade vermelha, passando pelo laranja, amarelo, verde, azul, até o violeta, chegando, por fim, ao ultravioleta.  Planck queria estabelecer uma relação matemática entre a faixa de frequências do brilho e a temperatura necessária para produzi-lo.  A solução obtida revelou um caráter contra-intuitivo, que passaria a ser a principal característica da física moderna:


Fórmula de Max Planck (I designa a densidade de energia atribuível à radiação de frequência v, c a velocidade da luz, T a temperatura absoluta e h uma constante, cujo valor é 6,625 . 10¬34 J.s)

Em primeiro lugar, os resultados forçavam Planck a aceitar que a matéria era composta por átomos, o que ele, e muitos cientistas com ele, ainda não admitiam em 1900.  Em segundo, e esse era o passo decisivo, é que os átomos não podiam ter qualquer valor de temperatura que se desejasse: ao ser aquecido, a quantidade de energia que um átomo recebe irá crescer passo a passo, como subindo degrau por degrau numa escada, aos saltos.  Do mesmo modo, para irradiar energia e esfriar, o átomo terá de descer a escada, emitindo luz de determinada frequência a cada passo.  Assim, a absorção ou perda de energia pelos átomos se manifesta sempre por porções discretas de energia, que passaram a ser conhecidas como "quanta".  Na fórmula de Planck, estes "saltos", aparecem como um fator invariável, a famosa Constante de Planck, representada pela letra h.  Com os avanços da Física do séc. XX, esta constante de Planck tem se revelado cada vez mais como uma das poucas quantidades fundamentais das quais depende todo o funcionamento do universo.

Comentários

  1. Bela homenagem, aqui começa uma observação inteligente para nossa história, mas é só o começo. A física newtoniana estendeu-se ao séc.XIX para descrever um universo composto de blocos fundamentais de construção, denominados átomos. Acreditava-se que os átomos newtonianos se compunham de objetos sólidos, um núcleo de prótons e nêutrons com elétrons girando em torno do núcleo de maneira muito parecida com a terra viajando ao redor do sol. Todas as reações físicas tinham uma causa física, como bolas q se chocam numa mesa de bilhar. Ainda não se conheciam as interações da energia e da matéria, como o rádio q toca música em respostas a ondas invisíveis.
    No alvorecer do séc.XIX , descobriram-se novos fenômenos físicos, q não podiam ser descritos pela física de Newton. O descobrimento e a investigação de fenômenos eletromagnéticos levaram ao conceito de um campo. Michael Faraday e James clerk Maxwell entenderam mais apropriado um conceito de campo e dizer q cada carga cria uma "perturbação" ou uma "condição" no espaço a sua volta, de modo q a outra carga, quando presente, sente uma força, nasceu assim, o conceito de um universo cheio de campos criadores de forças, q interagem umas com as outras. Estamos começando a admitir q nós mesmos somos compostos de campos. De acordo com Einstein matéria e energia são intercambiáveis, a massa nad mais é do q uma forma de energia. A matéria é simplesmente a energia desacelerada ou cristalizada, nossos corpos são energia. Constantemente emitimos ou recebemos energias das mais variadas possíveis e tudo através do pensamento, portanto vamos vibrar e interagir uns com os outros com uma só intenção, nossa evolução.
    Morgana

    ResponderExcluir
  2. Excelente post. O surgimento da Mecanica Quântica representou uma quebra de paradigma na filosofia da ciência tão grande quanto a teoria da Evolução de Darwin, que de forma extremamente elegante "deletou" Deus da ciência. Aliás, historicamente, da mesma forma que a citada teoria de Darwin, a revolucionária MQ, desde a sua criação, apresenta problemas de interpretação em alto grau e à gosto do freguês, como se diz de hábito. Também é certo que a discussão completa desses problemas requer conhecimentos especializados que não me encorajam a tal delírio aqui. Se muito me permito, quero dizer que na MQ, e isso é crucial, cálculos de grandezas ou valores já não são mais tão perfeitamente mensuráveis quanto na Mecanica clássica. Numa leitura filosófica podemos dizer que a verdade científica já não é mais, olha que revolução, tão verdadeira assim. Há mais coisas entre o céu e a terra do que poderia se supor, embora isso já se saiba a muito tempo.
    Cara Morgana, antes de mais nada saúdo seu comentário que representa aqui uma nova forma de pensar o mundo. É como uma folha nova entre esses galhos secos que somos nós, os velhos. Mas, quero te dizer que vamos sim vibrar e interagir uns com os outros, pelo simples fato de que criar um mundo melhor é essencial para nossa espécie. Quando queremos fazemos isso muito bem e de forma muito evoluída. A Evolução, folha nova, não tem direção nem propósito e é regida por algo tão ainda incompreendido por nós quanto a MQ: o Acaso.

    ResponderExcluir
  3. Agradeço pelos comentários dos dois.

    Particularmente, me sinto tentado a discutir alguns pontos levantados, como a questão do "átomo de Newton", a noção de "campo como gerador de forças", a "matéria como energia desacelerada ou cristalizada", a "recepção de energias pelo pensamento", os problemas da "interpretação ao gosto do freguês" e dos "cálculos não mais perfeitamente mensuráveis" na mecânica quântica e, por fim, embora tenha sido citado num outro contexto, o da teoria da evolução, o papel do "Acaso" na ciência.

    Cada um destes tópicos renderia todo um livro, mas me contentarei com um post para cada um.

    mille bacci.

    ResponderExcluir

Postar um comentário