Tivesse eu um mínimo de afinidade com o Criador e certamente a última das minhas opções seria pela religião muçulmana. Até mesmo por uma questão física. Meu ciático torturado já não suporta atos de contrição, ainda que mínimos, como, por exemplo, aquelas genuflexões das cinco obrigatórias orações diárias voltadas para Meca.
Honra seja feita, porém, em um esmagador aspecto os seguidores de Maomé ganham disparado – principalmente naquilo que a civilização cristã ocidental insiste em nos encasquetar há mais de dois mil anos. Sexo para eles não é coisa do diabo. Na maioria dos casos, aliás, é o prêmio máximo que o Paraíso oferece aos felizardos que adentram seu campo. Admito, é claro, que a mulher dança mais uma vez nessa história toda. Aos homens-bomba do Hisbolá e do Hamas são prometidas 72 graciosas virgens e mil horas de orgasmo ininterrupto; certamente não se promete algo parecido às mulheres que topam virar estilhaços. Mas, enfim, pelo menos, o fornicar em si por ali nada tem de pecado mortal.
Há, entretanto, um pouco de preconceito e muito de ignorância e falta de raciocínio naquela velha conversa mole nossa de que a poligamia é algo aceito, difundido e estimulado no enorme reino do Islã. O mito da harém do sultão está mais pra fofoca do que pra fatos.
Conto aqui o que tem de verdade nisso ou, se preferirem, a verdade que conheço.
Vale dizer que as odaliscas, com seus olhares voluptuosos, freqüentaram permanentemente as fantasias estimulantes do meu baixo ventre desde a adolescência. E o tesão continua intacto mesmo depois de muito ter lido sobre o assunto. Mas, de primeira, bateu estranho saber que mesmo Maomé foi um fidelíssimo e dedicado esposo monogâmico até os cinqüenta e um anos. E olhe que sua esposa, Khadidja, era quinze anos mais velha. Foi só quando ela morreu que o profeta, inconsolável, abraçou o costume árabe de desposar as prometidas ainda quando crianças. Voltou a se casar, desta vez com uma menina de seis anos, filha do amigo Abu Behr. É claro que ele esperou algum tempo até que o casamento pudesse ser consumado. Isso parece chocante mas, naquela região e época, o costume de prometer esposas ainda bebês era simples questão de sobrevivência cultural. As guerras de conquista e os massacres de povos faziam parte do cotidiano. Especialmente na terrível batalha de Uhud, os seguidores de Maomé tiveram perdas enormes. Daí, aconteceu que os guerreiros sobreviventes assumiram as viúvas de seus irmãos e primos e adotaram os órfãos. Sempre de acordo com as possibilidades de cada um, o profeta exortou que cada homem desposasse “duas, três ou quatro”. Eis como surgiu a lenda das quatro mulheres para cada homem. Nada de costume bárbaro como querem alguns histéricos. Antes, um mero problema de lógica.
O médico e sexólogo austríaco Richard Lewinsohn propõe um cálculo interessante para avaliar a questão. No mundo, em qualquer lugar do mundo, o número de homens e mulheres é muito próximo do pau a pau. Nascem um pouco mais de crianças do sexo masculino. E dele morrem mais antes que atinjam a idade adulta. É o mecanismo natural de compensação. Ora, se a poligamia fosse um costume arraigado numa cultura qualquer, é de se supor de pelo menos dez por cento dos varões a praticassem. Num universo, portanto, de cem homens, se dez tomassem quatro esposas, sobrariam apenas sessenta para disputa dos noventa pobres infelizes restantes. Parece evidente que, houvesse uma civilização com tantos homens vagando por aí sem acesso à vagina, uma violentíssima revolta contra os polígamos acabaria inevitável. Nunca se soube de nenhuma. Mesmo que o homossexualismo seja encaixado na conta, ainda assim a rebealião da testosterona não poderia ser contida.
Atentemos bem para a realidade à nossa volta. Os príncipes sauditas têm várias mulheres e costumam levá-las duas vezes por ano para compras em Paris e Londres sem limite no cartão de crédito. Eles podem e elas gostam. No aspecto, os sheiks brasileiros são muito mais canalhas e poltrões. Também têm várias mulheres mas quase nunca assumem quaisquer delas com exceção da primeira oficial. Já conheci vários ministros, generais, embaixadores, parlamentares e empresários do topo da pirâmide. Todos – todos – poderiam contar historinhas aqui e ali de filiais ocultas nas sombras. Mas, se abrirem a boca, perdem cargos, votos e clientes.
No frigir dos ovos, meus amigos, nós, do ocidente cristão, vivemos mesmo é sob uma sharia moral tão asquerosa quanto a burca. E, por tudo, não temos como não deixar de culpar de uma Igreja escrota que por tantas décadas deu lições de vida “pura” enquanto protegia pedófilos e tarados comandando missas.
EM TEMPO: inverti as porras das fotos. A de cima é a de baixo e a de baixo deveria ser a de cima.
ResponderExcluirAinda vou aprendendo com essa de segurar o blog sozinho.
Adorei.
ResponderExcluirNão sou anônima.Sou a Vera.E adorei.
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