O Fox News Channel tem sido a grande vingança dos mais raivosos conservadores norte-americanos depois da imperdoável derrota dos republicanos para um candidato negro com nome de terrorista muçulmano. Passa boa parte de seus programas ao vivo atazanando a vida do Barack Obama. Nos últimos dias, entretanto, deixou o presidente dos EUA de lado para abrir sua artilharia pesada contra o futebol. Não aquela bosta de futebol com bola oval que só eles conseguem jogar e entender. Partiram pra cima foi da Copa do Mundo - como se ela fosse nada menos que uma enorme conspiração mundial contra as singularidades culturais da terra de tio Sam.. Glenn Beck, o comentarista xodó da rede, não colocou meias palavras: “...nós não gostamos de futebol, não queremos Copa do Mundo, não temos nada a ver com isso.”. Dan Gainor, outro queridinho da direita, foi mais longe: “Isso é jogo de pobre que a esquerda quer impor nas escolas americanas depois que a América ficou mais bronzeada”. E Gordon Liddy, um babaca que nem a família leva a sério, arriscou uma estapafúrdia teoria histórica: “É um esporte criado por índios sul-americanos que gostavam de chutar as cabeças dos inimigos”.
O disparador de tudo isso foi uma inesperada e massacrante surra de audiência. As finais do NBA - o americaníssimo campeonato de basquete - perderam feio, e em todas as camadas, para o torneiozinho exótico que está acontecendo da África do Sul.
A essência da coisa, entretanto, é outra.
Não há nada mais inaceitável para o ser americano do que a condição de perdedor. Um “loser” é quase tão desprezível quanto um criminoso. Às vezes, mais. Quem comete um crime e sai dele de cara limpa pode até ganhar uma certa admiração. Ao fracassado, porém, nada além de batatas. E o problema está exatamente aí. No mundo do futebol, os EUA não são porra de potência nenhuma. Nem mesmo de segunda classe. Timinho de quinta categoria que no momento só pode lutar por um mínimo de visibilidade. E olhe lá.
E, para piorar as coisas, dois dos maiores gigantes do esporte estão exatamente na América que fica bem ao sul do rio Grande - Brasil e Argentina.
Quanto a ser um “jogo de pobre”, vale dizer que as duas outras grandes potências são Alemanha e Itália. E é exatamente a Europa o epicentro dos grandes acontecimentos relacionados ao esporte bretão. “Esporte bretão”? Bem, segundo o “historiador” da Fox, foi coisa inventada provavelmente pelos Incas. Eis uma a mais para colocar na antologia da já famosa ignorância redneck.
Querendo ou não, contudo, os caipiras anglo-saxônicos confederados terão de engolir jabulanis para o resto da vida. É muito grana rolando para que os gananciosos EUA fiquem de fora. Não há qualquer outro esporte neste mundo velho que possa sequer de longe ser comparado com um campeonato mundial de futebol. Basta dizer que nenhuma cidade de lugar algum teria condições de organizar sozinha um negócio monstruoso desses. Muitas conseguem organizar uma Olimpíada. Uma Copa do Mundo, jamais. Daí que os países que pretendem sediar o evento se candidatam inteiros, com várias de suas melhores cidades. O público envolvido de corpo presente em cada rodada é pelo menos quatro vezes maior que toda a freqüência de um dia de jogos olímpicos. Durante quarenta anos os EUA ficaram de fora e tentaram minimizar a festa. A partir dos anos 90, não deu mais. A luta, agora, é para que as crianças sardentas aprendam e pratiquem, tanto quanto as bronzeadas e negras, até que ajudem colocar a bandeira ianque no topo dos vencedores pelo menos uma vez.
O mais revelador dessa celeuma toda, no entanto, é que o espiritual do preconceito direitista norte-americana se deslocou perigosamente do racismo para a xenofobia. A estupidez dos homens que fazem o Fox News Channel tenta nestes dias montar uma espécie de aliança temporária com os negros para atacar o imigrantes - notadamente os latinos. Dizem que desta vez são eles - aqueles morenos hispânicos ilegais ali - que estão dentro do Cavalo de Tróia que destruirá os valores mais caros da nação escolhida por Deus.
Um dia, quem sabe, dirão que o declínio do Império começou no chute de um tal de Pelé.
O disparador de tudo isso foi uma inesperada e massacrante surra de audiência. As finais do NBA - o americaníssimo campeonato de basquete - perderam feio, e em todas as camadas, para o torneiozinho exótico que está acontecendo da África do Sul.
A essência da coisa, entretanto, é outra.
Não há nada mais inaceitável para o ser americano do que a condição de perdedor. Um “loser” é quase tão desprezível quanto um criminoso. Às vezes, mais. Quem comete um crime e sai dele de cara limpa pode até ganhar uma certa admiração. Ao fracassado, porém, nada além de batatas. E o problema está exatamente aí. No mundo do futebol, os EUA não são porra de potência nenhuma. Nem mesmo de segunda classe. Timinho de quinta categoria que no momento só pode lutar por um mínimo de visibilidade. E olhe lá.
E, para piorar as coisas, dois dos maiores gigantes do esporte estão exatamente na América que fica bem ao sul do rio Grande - Brasil e Argentina.
Quanto a ser um “jogo de pobre”, vale dizer que as duas outras grandes potências são Alemanha e Itália. E é exatamente a Europa o epicentro dos grandes acontecimentos relacionados ao esporte bretão. “Esporte bretão”? Bem, segundo o “historiador” da Fox, foi coisa inventada provavelmente pelos Incas. Eis uma a mais para colocar na antologia da já famosa ignorância redneck.
Querendo ou não, contudo, os caipiras anglo-saxônicos confederados terão de engolir jabulanis para o resto da vida. É muito grana rolando para que os gananciosos EUA fiquem de fora. Não há qualquer outro esporte neste mundo velho que possa sequer de longe ser comparado com um campeonato mundial de futebol. Basta dizer que nenhuma cidade de lugar algum teria condições de organizar sozinha um negócio monstruoso desses. Muitas conseguem organizar uma Olimpíada. Uma Copa do Mundo, jamais. Daí que os países que pretendem sediar o evento se candidatam inteiros, com várias de suas melhores cidades. O público envolvido de corpo presente em cada rodada é pelo menos quatro vezes maior que toda a freqüência de um dia de jogos olímpicos. Durante quarenta anos os EUA ficaram de fora e tentaram minimizar a festa. A partir dos anos 90, não deu mais. A luta, agora, é para que as crianças sardentas aprendam e pratiquem, tanto quanto as bronzeadas e negras, até que ajudem colocar a bandeira ianque no topo dos vencedores pelo menos uma vez.
O mais revelador dessa celeuma toda, no entanto, é que o espiritual do preconceito direitista norte-americana se deslocou perigosamente do racismo para a xenofobia. A estupidez dos homens que fazem o Fox News Channel tenta nestes dias montar uma espécie de aliança temporária com os negros para atacar o imigrantes - notadamente os latinos. Dizem que desta vez são eles - aqueles morenos hispânicos ilegais ali - que estão dentro do Cavalo de Tróia que destruirá os valores mais caros da nação escolhida por Deus.
Um dia, quem sabe, dirão que o declínio do Império começou no chute de um tal de Pelé.
Soube, agora, que os EUA se classificarm em primeiro na chave. Só espero, ao final, não pagar com a língua (gargalhadas)
ResponderExcluirTEXTO ABSOLUTAMENTE PROFISSIONAL.
ResponderExcluirMEUS PARABÉNS!!!
NÃO CONHECIA O SEU BLOG.
ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.
TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:
“HUMOR EM TEXTO”.
A CRÔNICA DESTA SEMANA É SOBRE UM TEMA POLÊMICO.
SE PUDER, CONFIRA E SE QUISER COMENTE, POIS LÁ O MAIS IMPORTANTE É O SEU COMENTÁRIO.
UM ABRAÇÃO CARIOCA!
O blog é nosso, Paulo. Sente sempre aqui na mesa, peça o seu chopp e poste à vontade.
ResponderExcluirJá estive no "Humor em Texto" e já sou seguidor.
Forte abraço
É Alípio, os americanos são um prato cheio pra gente, mas essa deles se classificarem...não gostei merrrrmoo !!!!
ResponderExcluirAcho interessante o povo americano. Da mesma forma que existem pessoas ou campanhas racistas, seja contra negro ou latinos, existem os que se beneficiam com a sua existencia em território americano. Teriam que mudar a história, tirar os EUA do continente americano e transferir para a europa. Eles não engolem o fato de estarem colados na América Central. A Florida é latina e um estado importante, decidiu até uma eleiçaõ e Nova York é a cidade do mundo.
O mesmo americano que não aceita a imposição de uma classe ou grupo menos favorecido, é o mesmo que elege Obama. Vai entender isso...!!!
beijo
A verdade, Marilia, é que, quando se trata de EUA, tenho sentimentos contraditórios. Do ponto de vista experimental, não há país mais fantástico em toda a história. O grande problema ali é aquela asquerosa América branca, anglo-saxônica e protestante.
ResponderExcluirNo futebol, se coloco o critério político, quero mais é que eles continuem sifo. Mas, vendo o time friamente, não posso deixar de admitir que a seleção norte-americana é raçuda e empolgante.
Beijão
A direita racista e xenófoba norte-americana odeia o futebol que, para eles, é um esporte do "socialismo europeu", seja lá o que eles entendem por isto.
ResponderExcluirO fato é que a vitória da seleção dos EUA teve audiência expressiva e contornos épicos.
Se juntarmos a isso a massificação do esporte nas escolas, particularmente atraente para as meninas, mas também uma modalidade em que os meninos que não são ou muito fortes ou muito altos também podem brilhar, podemos avaliar como muito importante a participação deles nesta copa.
Hehehe, boa tarde!!!
ResponderExcluirComo cheguei tarde, só da pra falar , é eles estão aprendendo o joguinho, é eles até fazem troca de passes e finalizam no gol, é mas eles já voltaram, kkkkk, GANA "o bando dos marronzinhos" entregaram as passagens pros branquelos, kkkkk...( pena que não foi algum dos times latinos que fez isso).
Sinceramente me revolta qualquer tipo de preconceito, que pra mim nada mais é do que incompetência própria, preconceito tem quem não se garante na vida então rotula pessoas.
Bjuss e vamos sofrer amanhã.
Sensacional esse post; todas as afirmações foram precisas.
ResponderExcluirGostei especialmente de ler que os ianquezinhos não suportam perder em ocasião alguma, e justamente por isso abominam e tentam vuduzar o mundialmente amado futebol (que eles chamam de "soccer", e taxam pejorativamente de coisa de menina); só porque nunca conseguiram ganhar uma copa mundial.
E, soltando o cavalo: nunca vão conseguir ganhar uma, com aqueles "menininhos-menininhas" em campo.