MAS NEM SÓ DE JOGADORES DESLUMBRADOS VIVEM NOSSAS BACANTES



Bem que a ciência da probabilidade já estava dando como vencido o dia do isso-não-vai-dar-certo. O lado pra cima do dado bem poderia ser (como foi) um sociopata qualquer caindo na armação - um daqueles que não aceitaria muito fácil o sempre tentado golpe da barriga. E olhe que a coitada da Eliza fez tudo direitinho. Quase tudo. Não soube prever que Bruno, apesar de pato fácil na planície, tinha um potencial de estupidez dos mais perigosos. Um completo e suficiente boçal para buscar soluções de seus problemas com um amigo tão doentio quanto ele. Amigo, aliás, aparentemente apaixonado ao ponto de tatuar nas costas a frase idiota de um pagode de fundo de quintal. Deixa comigo, Bruno, eu conheço um ferrabrás lá perto de Belo Horizonte que faz o servicinho sujo e não deixa rastro; vai custar algum do bolso mas garanto que ela some do mapa.

Disse há pouco que a Eliza fez quase tudo direitinho. Fui precipitado. Na verdade, tirando a sorte de fecundar o esperma famoso, fez merda do começo ao fim. Pelo que se pode deduzir dos diálogos que travou com seus amigos no MSN, insistiu na estratégia de fustigar a cobra mortal com palito de fósforo. Deveria ter estudado melhor os casos de sucesso. Luciana Gimenez tirou o que quis do bobinho do Mick Jagger - projeção internacional, inclusive. Até mesmo Edmundo, o Animal, tentou dar o drible curto mas acabou no arrego com a Cristina Mortágua. Com a tarrafa bem jogada, nem o peixe do fundo escapa.

Há algo, porém, muito mais ou tão repugnante nessa história quanto a morte brutal de uma garota em busca de fama e fortuna. É o velho e conhecido papel de alguns setores da mídia - Globo à frente, claro. O jogo já estava pesado e a crônica de final escabroso se anunciando. O jornal Extra, porém, braço popular do grupo dirigido pelos Marinho, tratou a coisa como fosse mera reclamação de puta que não recebeu o devido cachê. Tinha um vídeo exclusivo da menina denunciando as amostras e ameaças do desportista bandido. Os editores disseram ter colocado tudo no site. Não se conhece quem viu.

Cover up, diga-se de passagem, é prática das mais comuns nos domínios da herança do dr. Roberto. Nada que outros grandes da informação também não façam. Verba de publicidade é o oxigênio que realmente interessa. O polvo global fatura por trimestre algo na casa dos bilhões; menos de meio por cento disso vem das assinaturas e vendas em bancas. Quem não pode, portanto, ser contrariado é aquele que paga para ocupar os espaços de páginas inteiras e os intervalos dos horários nobres.

Em palavras outras, muito cuidado com o que se pretende falar sobre o mundo dos esportes, dos políticos e das grandes empresas. Há uma fronteira que jamais é ultrapassada. A depravação sexual, por exemplo, não é exatamente uma exceção no comportamento de seus principais atores, seja no universo da fama, do poder ou dos negócios de milhões. Jogadores de futebol, por exemplo, são jovens movidos pelo choque do despreparo de, não mais que de repente, ter tudo o que nunca poderia ter sido imaginado na vida até então pobre. Especialmente aquelas mulheres que só encontramos em telas de televisão ou capas de revistas.

Isso, contudo, não esgota a explicação. Na única entrevista dada quando a bomba estourou, Bruno disse que bacanais são comuns entre os atletas famosos.

Acrescento: muito comuns entre todos aqueles que se acreditam eleitos. O filósofo italiano Julius Evola disse que orgias são rituais de catarse e lavagem mental onde o peso da culpa individualizada se dilui no coletivo e no impessoal. Não há diferença de qualidade, portanto, entre um festim com "scort girls" organizado num sítio para jogadores do Flamengo ou outro promovido numa mansão de Brasília para agradar ao ministro Antonio Palloci.

Aliás, bem lembrado. Naquela CPI do mensalão, tudo começou a não sair mais nas manchetes quando um senador meio inconveniente levantou nome da cafetina Jeane Mary Córner. E ela, para nossa imensa frustração, jamais depôs ao vivo e a cores.

Comentários

  1. Muito bommmm...Só podia ser escrito por vc.
    É a "dona" errou o poder da barriga, o amor do "Maka" pelo goleiro, achou que ia garfar uma bolada. Virou comida de cachorro e sinceramente dúvido que achem algum osso, devem ter dissolvido as sobras em ácido.
    Bjussss

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  2. Mas o melhor da festa, Cassinha, foi aquela declaração do Renato Gaúcho no Fantástico. Ele disse que NUNCA participou de orgias.

    É mole ou quer mais?!

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