imagem chupada de http://causaeefeito.wordpress.com
Aquela história da repetição constante que faz com que o repetido se torne verdade é fogo. Por conta das eleições de que o Serra participou na última década, ouvimos tantos elogios, tantos testemunhos sobre a capacidade política e administrativa do referido Zé, de fontes as mais variadas, que, mesmo vacinados, alguma coisa dessa papagaiada (ou tucanaiada?) terminou por se infiltrar mesmo em nossa cuidadosamente erguida muralha de ceticismo.
Bastou acompanhar a presente campanha eleitoral um pouquinho para perceber que tudo era pura cascata.
Primeiro, o adiamento da aceitação formal da candidatura gerou uma imagem de indecisão altamente prejudicial a qualquer candidato, além de jogar fora o único trunfo que o tal Zé tinha, que era o fato de ter um nome muito mais conhecido nacionalmente do que a Dilma. Competência política? Nenhuma.
Segundo, o apoio do Roberto Jefferson à candidatura do malfadado Zé, da forma como se deu, servia aos interesses do presidente do PTB, mas abria um flanco mortal nas pretensões do presidenciável tucano: o único participante confesso do mensalão, ao ser entusiasticamente saudado como grande aliado, mostrava claramente que o paladino das oposições era tão condescendente com a corrupção quanto o governo que criticara. A bandeira da moralidade se esfrangalhou antes mesmo de ser desfraldada. E em troca de nada, ou alguém duvida de que os candidatos do PTB que tenham alguma chance de serem eleitos vão deixar de embarcar na canoa que estiver à frente nas pesquisas? O Jefferson pode até ter vendido o apoio do PTB. Mas nunca teve como entregar a mercadoria. Habilidade política? Zero.
Terceiro, a ridícula definição do vice da chapa do referido Zé. Ceder à chantagem do natimorto DEM (repito: do DEM!) e aceitar a, com perdão da má palavra, pica do Rodrigo Maia (repito: do Rodrigo Maia!), o tal Índio do Brasil, que mal abriu a boca e teve de ser calado, não tem explicação. Escolheu-se um vice que precisa ter a boca tapada. Como ficaria o País na eventualidade de o indigitado Zé ser eleito e haver um impedimento qualquer para exercer o mandato? Responsabilidade política? Menos 100.
Quarto, a condução da campanha propriamente dita. Abaixo da crítica. Todo o problema da Dilma era tornar-se conhecida como a candidata do Lula. Que faz o competentíssimo Zé? Uma campanha ligando Dilma ao Lula! Exatamente o que a Dilma precisa que seja martelado o tempo todo! Chega-se ao cúmulo de se veicular no rádio um jingle que fala em Lula e Dilma sem tocar no nome Serra! E o que dizer da pretensão absurda de tentar colar seu nome ao do Lula, querer se fazer passar como continuador da "obra" lulista? Será que ninguém avisou ao tal Zé que o próprio Lula iria aparecer na televisão para dizer que a candidata dele é a Dilma? Inteligência política? Menos 1 milhão.
Por fim, o próprio comportamento do candidato. Extremamente centralista, arrogante e antipático, alijou do comando da campanha qualquer voz discordante. Até jornalistas altamente comprometidos com a disseminação das cascatas tucanas já sentiram o peso do chicote verbal do Zé. Imaginem um presidente agindo como age o candidato. Faria, por contraste, o Lula parecer o maior de todos os democratas. Liderança política? Sem maiores comentários.
Diante de tal espetáculo, o que sobra da tal imagem de competência e preparo tantas vezes repetida por anos a fio? Absolutamente nada.
Zé Serra: R. I. P. De minha parte, devo admitir que não sentirei nenhuma saudade.
Comentários
Postar um comentário