Assim que vi, por acaso, em uma revista, daquelas que acompanham o jornal, o anúncio do show do Green Day, na HSBC Arena, completando 20 anos de carreira e o lançamento do novo álbum, "21st Century Breakdown", tomou-me a vontade irresistível de ir. Adoro a proposta da banda e conheço o álbum "American Idiot" praticamente de cor. Além disso, nunca tinha ido a um show de rock: a quando tentei ir a um (Franz Ferdinand, na Fundição Progresso) minha prima me informou, arrasada, que não poderiam ingressar menores de idade em hipótese alguma. Demorei a superar a frustração.
Também por acaso, algumas semanas antes do show do Green Day comentei sobre o evento com o Fernando, amigo muito próximo, meu tio postiço e padrinho da minha irmã. Poucos dias depois, soube que ele tinha comprado os ingressos para me levar! Passado o entusiasmo inicial, vieram os planos: eu faria QUALQUER COISA para não perder essa oportunidade: felizmente, não haveria aula no dia 15 de outubro, por se tratar do Dia do Mestre, quando nossos queridos professores podem coçar um pouquinho.
No grande dia, eu e meu primo Lucas, munidos de documento de identidade, seguimos para o cinema Odeon, onde o Fernando nos buscaria para irmos ao show, marcado para começar às 22:30, com mais duas pessoas. Após altos papos-cabeça e muitos quilômetros rodados no trajeto, chegamos à HSBC Arena, com mais de uma hora de antecedência. Fernando, Lucas e eu seguimos para a pista, os outros, para as cadeiras.
Já na pista, tive um bom pressentimento: o show parecia perfeitamente organizado. Antes da curta apresentação da banda de abertura (meia-boca, diga-se de passagem), fomos surpreendidos com um coelho gigante, rosa, que adentrou o palco bebendo cerveja e requebrando para o público. Nessa hora, quem tinha senso de humor começou a ignorar o aviso de "proibido fotografar durante o show" (ahã, Cláudia, senta lá...) e rir litros com a brincadeira.
No horário marcado, apagaram-se as luzes. O cenário começou a se revelar. É agora! Green Day estava no palco! Comoção geral, gritos difusos. Billie Joe Armstrong tratou logo de pôr alguma ordem na bagunça: arrumou um grito de guerra simples (que o público entoaria em vários momentos) e logo começaram a tocar. A atitude sempre irreverente de Billie Joe contagiava o público mais que qualquer outra coisa: só ele, com a indefectível gravata de seda vermelha e a maquiagem preta contornando os olhos verdes, já era um show à parte. O trio, contando com um guitarrista convidado, tocava hits de todos os seus álbuns, muitas vezes incluindo nos refrões frases enaltecendo o Brasil e, mais precisamente, o Rio de Janeiro, dizendo que voltariam sempre que pudessem.
Dentre os momentos que levaram mais fãs ao delírio, estavam as inúmeras vezes que Billie Joe mandava beijos para o público e chamava espectadores para subirem ao palco e cantarem. Uma garota felizarda ganhou um beijo dele (que inveja!) e um cara de mais ou menos trinta anos foi presenteado com uma guitarra autografada! Antes da metade do show, eu havia pulado, gritado e acenado tanto que já estava dolorida. Mas, parar por quê?
Ao tocar uma música antiga, que poucos conheciam, Billie Joe se decepcionou porque ninguém cantava o refrão. Então, calou-se e deitou no palco; enquanto os outros continuavam a tocar a música. A platéia começou a chiar. Conforme o grito de guerra ia sendo entoado, com mais força e por mais gente, Billie ia se animando, por fim, levantou-se e retomou a música.
A todo momento, o pano de fundo que recobria a parede atrás do palco caía, revelando um novo cenário. Labaredas, chuvas de faíscas e jorros de papel picado complementavam o espetáculo. Billie Joe usou até uma mangueira para "refrescar" o pessoal da pista premier; e uma máquina a pressão para atirar camisetas exclusivas.
De repente, as luzes se apagaram, e os fãs começaram a inquietar-se, pensando se tratar de uma falha técnica. Foi quando a luz voltou, e todos os membros da banda reapareceram... fantasiados! Billie Joe usava um gigantesco par de óculos e uma boie de plumas pink e pretas. Risadas percorreram a pista como um campo magnético. Pouco depois, Billie dava as costas para o palco e mostrava a bunda (bonitinha, por sinal), visivelmente se divertindo. Chegou até a bater uma pro microfone, fazendo caras e bocas, e expulsar Tré Cool, o baterista, de seu posto e começar a tocar, enquanto Tré Cool improvisava alguma palhaçada no microfone.
O show foi tão bom que teve direito a dois bis seguidos. No primeiro, tocaram as faixas consagradas "American Idiot" e "Jesus of Suburbia". Nessa , Billie Joe levaria os fãs ao delírio novamente ao arrancar a própria camisa. Nos segundo bis, após tocarem "Whatshername", a clássica "Wake Me Up When September Ends", tocada com as luzes apagadas, foi acompanhada por um lindo efeito que o público elaborou acendendo as telas dos celulares e fazendo os aparelhos dançarem de um lado a outro, pontilhando a escuridão com nostálgicas estrelas móveis. Eu, claro, não fiquei de fora: acendi o meu também.
Ao final do show, às três da manhã, voltamos para casa só o pó: exaustos, com as pernas bambas, os acordes ainda ecoando na cabeça e a certeza de que aquela foi, pelo menos até então, a melhor noite de nossas vidas.
Puxa, estou pra lá de envergonhado. Nunca tinha ouvido falar nesse "Green Day".
ResponderExcluirMas depois dessa postagem, começo a virar fã.
Idem!
ResponderExcluirEsta é a minha menina!
ResponderExcluirQue bom que você gostou do show.
Fico feliz em ter cedido a primazia de levar você ao cumpadi Fernando. Ele ficou tão orgulhoso quanto eu. Beijos mil, minha linda. Que todos os shows que você assistir sejam tão bom quanto esse.