O egoísta era exatamente assim, mas a vitrola era um modelo maior, de mesa, com um gabinete de cerejeira |
Numa das reuniões do time de futebol da rua, o Formiga Esporte Clube, cuja criação o Luís muito incentivara, perguntei pra ele se havia algum meio de instalar o fone que havia na época para uso exclusivo em radinhos de pilha, conhecido como "egoísta", na minha vitrola. Ele pediu para que eu levasse o aparelho para ele examinar. Eu levei e ele me devolveu o troço já com uma saída instalada no capricho, num furo perfeito no gabinete de madeira.
Fiquei muito agradecido e levei a vitrolinha pra casa, ansioso para ouvir como iria soar um disco no egoísta enfiado direto no meu ouvido direito. Por que no direito? Porque o esquerdo era surdo, ora. Escolhi um disco que eu amava naqueles idos de 1973: Trilogy, do Emerson, Lake & Palmer. Coloquei o tal do egoísta na saída apropriada e pousei a agulha de safira presa naquela cápsula de cerâmica alongada típica das vitolas Phillips no início do vinil. The endless enigma, a faixa de abertura, começa baixinho, mas logo o som tomava todo o espaço disponível no meu cérebro. Era incrível, muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado, só havia a música, nenhum ruído de fora, só a música, música, e mais música! Injetada direto no córtex cerebral! Nasceu aí uma paixão imorredoura, eterna.
Luís, não sei o que a vida fez contigo, mas permaneço eternamente grato a você por isso.
Muito bom!
ResponderExcluirObrigado!
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