Para aqueles que insistem em me atribuir posições políticas que não são as minhas, ou alinhamentos partidários que eu não tenho, seguem algumas pequenas notas autobiográficas sobre minha formação política e pessoal.
1. Durante minha vida escolar, a partir de 1968 no Pedro II do Centro e particularmente depois, na escola técnica, de 74 em diante, minhas experiências com política vinham das leituras do Pasquim, particularmente da coluna do Luiz Carlos Maciel sobre contracultura, temperadas pelos artigos da 1ª versão da Rolling Stone brasileira. Antes disso, participei de leve do movimento cineclubista, onde havia gente do PCB, mas que não se deu a conhecer como tal na época;
2. Em 1978, já na UERJ, ainda vagamente existencialista, fui "captado" (cfe. o jargão da época) por um partido trotskista então clandestino, o PST (que depois virou Convergência Socialista e que, mais tarde deu origem ao atual PSTU). Foi uma captação mais afetiva do que política, propriamente. Fui militante do PST por pouco mais de 1 ano, saindo em fins de 1979. Neste pequeno intervalo de tempo, fui (grossíssimo modo) primeiro trotsquista, depois Leninista e, finalmente, Luxemburguista. Depois, tropecei em Cornelius Castoriadis e seu socialismo libertário, que me fascinou por um tempo ainda menor, uns poucos meses só. No primeiro de Maio de 1979, depois da tentativa frustrada da já Convergência de fundar um Partido Socialista no Brasil no ano anterior (toda a direção da então CS foi presa na época), eu já estava distribuindo um manifesto (da própria CS) pela criação do PT na porta do Olaria F.C.;
3. Em 1980, já fora da CS, mas ainda integrado à luta pela Anistia, filiei-me ao PT então nascente. Trabalhei muito na campanha de filiação partidária, por toda a região da Leopoldina. Militância duríssima e recompensadora. Conseguimos a legalização, contra todas as dificuldades que a legislação autoritária impunha. Depois disso, dediquei-me ao núcleo de bancários do PT. Esta instância partidária de base teve vida política própria (e altamente instrutiva) até 1984, quando houve uma divisão por conta do apoio a chapas diferentes na eleição para o Sindicato de bancários. Esta divisão, aprofundada pela atuação política na diretoria da parcela do núcleo que saíra vitoriosa da eleição sindical, acabou por impor uma dinâmica de esvaziamento do núcleo de base do PT, afinal transformado em mero espaço de disputa entre correntes e eleição de delegados para Congressos, do qual acabei por me afastar, dedicando o pouco tempo que tinha à militância sindical propriamente dita;
4. Fui delegado da 11ª zona eleitoral na Convenção do PT, por extrema gentileza dos companheiros da Zonal, que decidiu pelo apoio à candidatura do Gabeira em 1985 (se não me engano). Minha última experiência próxima ao PT, como simpatizante, foi a eleição de 1989, aquela do Lula-Lá. Ambas as campanhas foram inesquecíveis e me renderam muitas lições;
5. Assim, os anos se passaram, até que em 1995 tomei posse como diretor do Sindicato, liberado pelo meu empregador (O Banco do Brasil) para o trabalho sindical. Não vejo necessidade de detalhar este período aqui (seria muito longo). Só vou registrar que não cumpri todo o mandato. Constatando o fechamento de qualquer espaço de discussão política autônoma no Sindicato, pedi para sair e retornar ao Banco após um ano e meio de militância infrutífera. Na época, com uma companheira e um filho, às voltas com um mestrado em Ciências Sociais (cuja tese nunca foi escrita, afinal), eu morava na Ilha do Governador. Bem na época da duplicação da Estrada do Galeão (o horror, o horror...). Gastava todo o tempo que tinha no ônibus;
6. Abandonei toda a militância, a partir daí. Virei um inativista político e sindical. Às vezes, intervinha numa e outra campanha eleitoral, ou sindical, mais para ajudar os amigos que me pediam apoio do que por interesse político ou pessoal;
7. Até que veio a internet e, com ela, novas oportunidades de expressão e intervenção. Aos poucos, fui voltando a pensar em política e me posicionando, aqui ou ali, sobre uma coisa ou outra que me parecia necessário esclarecer ou combater. Continuo nessa, agradando a alguns, irritando muitos outros;
8. Em suma, creio que posso dizer que ingressei na vida política por motivos mais afetivos do que propriamente políticos. Esta afetividade continua, até hoje, no centro de minhas intervenções. Não tenho, hoje, filiação partidária e, tendo formado minha visão no combate a uma ditadura de verdade, nunca abandonei minhas convicções de que uma sociedade democrática é preferível a qualquer ditadura. E aprendi que respeito é bom e ajuda a manter os dentes no interior da boca.
1. Durante minha vida escolar, a partir de 1968 no Pedro II do Centro e particularmente depois, na escola técnica, de 74 em diante, minhas experiências com política vinham das leituras do Pasquim, particularmente da coluna do Luiz Carlos Maciel sobre contracultura, temperadas pelos artigos da 1ª versão da Rolling Stone brasileira. Antes disso, participei de leve do movimento cineclubista, onde havia gente do PCB, mas que não se deu a conhecer como tal na época;
2. Em 1978, já na UERJ, ainda vagamente existencialista, fui "captado" (cfe. o jargão da época) por um partido trotskista então clandestino, o PST (que depois virou Convergência Socialista e que, mais tarde deu origem ao atual PSTU). Foi uma captação mais afetiva do que política, propriamente. Fui militante do PST por pouco mais de 1 ano, saindo em fins de 1979. Neste pequeno intervalo de tempo, fui (grossíssimo modo) primeiro trotsquista, depois Leninista e, finalmente, Luxemburguista. Depois, tropecei em Cornelius Castoriadis e seu socialismo libertário, que me fascinou por um tempo ainda menor, uns poucos meses só. No primeiro de Maio de 1979, depois da tentativa frustrada da já Convergência de fundar um Partido Socialista no Brasil no ano anterior (toda a direção da então CS foi presa na época), eu já estava distribuindo um manifesto (da própria CS) pela criação do PT na porta do Olaria F.C.;
3. Em 1980, já fora da CS, mas ainda integrado à luta pela Anistia, filiei-me ao PT então nascente. Trabalhei muito na campanha de filiação partidária, por toda a região da Leopoldina. Militância duríssima e recompensadora. Conseguimos a legalização, contra todas as dificuldades que a legislação autoritária impunha. Depois disso, dediquei-me ao núcleo de bancários do PT. Esta instância partidária de base teve vida política própria (e altamente instrutiva) até 1984, quando houve uma divisão por conta do apoio a chapas diferentes na eleição para o Sindicato de bancários. Esta divisão, aprofundada pela atuação política na diretoria da parcela do núcleo que saíra vitoriosa da eleição sindical, acabou por impor uma dinâmica de esvaziamento do núcleo de base do PT, afinal transformado em mero espaço de disputa entre correntes e eleição de delegados para Congressos, do qual acabei por me afastar, dedicando o pouco tempo que tinha à militância sindical propriamente dita;
4. Fui delegado da 11ª zona eleitoral na Convenção do PT, por extrema gentileza dos companheiros da Zonal, que decidiu pelo apoio à candidatura do Gabeira em 1985 (se não me engano). Minha última experiência próxima ao PT, como simpatizante, foi a eleição de 1989, aquela do Lula-Lá. Ambas as campanhas foram inesquecíveis e me renderam muitas lições;
5. Assim, os anos se passaram, até que em 1995 tomei posse como diretor do Sindicato, liberado pelo meu empregador (O Banco do Brasil) para o trabalho sindical. Não vejo necessidade de detalhar este período aqui (seria muito longo). Só vou registrar que não cumpri todo o mandato. Constatando o fechamento de qualquer espaço de discussão política autônoma no Sindicato, pedi para sair e retornar ao Banco após um ano e meio de militância infrutífera. Na época, com uma companheira e um filho, às voltas com um mestrado em Ciências Sociais (cuja tese nunca foi escrita, afinal), eu morava na Ilha do Governador. Bem na época da duplicação da Estrada do Galeão (o horror, o horror...). Gastava todo o tempo que tinha no ônibus;
6. Abandonei toda a militância, a partir daí. Virei um inativista político e sindical. Às vezes, intervinha numa e outra campanha eleitoral, ou sindical, mais para ajudar os amigos que me pediam apoio do que por interesse político ou pessoal;
7. Até que veio a internet e, com ela, novas oportunidades de expressão e intervenção. Aos poucos, fui voltando a pensar em política e me posicionando, aqui ou ali, sobre uma coisa ou outra que me parecia necessário esclarecer ou combater. Continuo nessa, agradando a alguns, irritando muitos outros;
8. Em suma, creio que posso dizer que ingressei na vida política por motivos mais afetivos do que propriamente políticos. Esta afetividade continua, até hoje, no centro de minhas intervenções. Não tenho, hoje, filiação partidária e, tendo formado minha visão no combate a uma ditadura de verdade, nunca abandonei minhas convicções de que uma sociedade democrática é preferível a qualquer ditadura. E aprendi que respeito é bom e ajuda a manter os dentes no interior da boca.
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