Ainda sobre as manifestações de 2013

2013 deixou claro que o sistema de representação política no qual se baseia a ideia burguesa clássica de democracia, tal como fora historicamente construído entre nós, estava em crise no Brasil. Isto porque todos os segmentos da sociedade percebiam que os que deveriam representar no parlamento os interesses dos demais abandonaram inteiramente este papel e passaram a cuidar apenas dos seus próprios.
A repressão seletiva aos manifestantes de então, centrada exclusivamente nos rebeldes "de esquerda", e sua consequente desmoralização, levada a cabo não só pelas forças da direita, mas também, e criminosamente, pela outra "esquerda", a nada rebelde mas majoritária, que então se encontrava instalada no poder central (Vai, PM!), deixou a direita livre leve e solta para continuar a expressar nas ruas a sua (lá dela) vontade de chutar o balde.
Esta vontade ainda não era suficiente no ano seguinte para defenestrar o conteúdo do balde, mas chegou bem perto. A direita sentiu o cheiro de sangue. E a esquerda como um todo se desmoralizou ainda mais quando as promessas, no turno decisivo da eleição presidencial, de avanços sociais que re-elegeram a presidenta foram cinicamente esquecidas durante a formação do Ruinistério de então.
Dois anos depois, veio a derrota acachapante desta "esquerda" cínica nas urnas e no Congresso e a dissolução completa do bloco no poder que ela hegemonizava. Daí ao segundo turno em 2018 foi tudo só consequência.

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